22 de dez. de 2012

O Idiota e a moeda

Conta-se que numa cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia. Um pobre coitado, de pouca inteligência, vivia de pequenos biscates e esmolas.
Diariamente eles chamavam o idiota ao bar onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas: uma grande de 400 RÉIS e outra menor de 2.000 RÉIS. Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos para todos.
Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos.
- Eu sei, respondeu o tolo. "Ela vale cinco vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganhar minha moeda”.
Podem-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa.
A primeira: Quem parece idiota, nem sempre é.
A segunda: Quais eram os verdadeiros idiotas da história?
A terceira: Se você for ganancioso, acaba estragando sua fonte de renda.
Mas a conclusão mais interessante é: A percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito.
Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas sim, quem realmente somos.
O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante de um idiota que banca o inteligente.
Preocupe-se mais com sua consciência do que com sua reputação. Porque sua consciência é o que você é, e sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam... é problema deles.

SÃO PAULO NÃO PODE PARAR! SE PARAR LEVA UM TIRO!

Ao contrário da minha vida sexual, o pau está comendo! A violência, a barbárie, as chacinas e as estatísticas de homicídio crescem assustadoramente trazendo alegria e prosperidade para os papa defuntos e fabricantes de caixão. Pelo andar da carruagem, quer dizer, do rabecão, não vai faltar presunto na mesa do brasileiro neste fim de ano.
São Paulo, por exemplo, se transformou na nossa Faixa de Gaza. Os paulistanos já estão até sendo chamados de paulestinos. O clima é de guerra e todo mundo está pensando em fugir da cidade menos o Maluf que não pode sair de São Paulo senão vai em cana. O governador Geraldo Takalmin, em entrevista coletiva exclusiva a minha pessoa, me garantiu que a violência está sob controle. Sob controle da bandidagem. Segundo os críticos de homicídio da Folha de São Paulo, a culpa é da organização criminosa PCC (Palmeirenses Contrariados com a Classificação) que não aceitam ter caído pra Segunda Divisão e agora querem quebrar tudo.
Para resolver o problema da violência, o prefeito Gilberto Kemssabe teve uma idéia genial: mandou mudar o nome dos bairros da cidades. O Morumbi vai virar Morimbundo, O tradicional bairro do Bom Retiro vai virar Bom Tiro. A região dos Jardins vai ser unificada e virar uma grande necróple: os Jardins da Saudade. Cambuci vai mudar de nome pra Cambucídio. A Vila Madalena vai passar a ser Vila Matalena e Perdizes agora vai se chamar Balas Perdizes.Aclimação vai vira Acremação. E o tradicional bairro oriental Liberdade vai se virar Condicional. Injuriado com o descaso das autoridades, o finado e saudoso governador Mario Covas, neste momento, deve estar se revirando no seu sobrenome.
 Eu não estranho o aumento da violência em São Paulo. Tudo em São Paulo é maior e o paulista não deixa por menos e gosta de ostentar. São Paulo é o estado mais rico da Federação, disparado. Disparado pelo PCC e pela ROTA. São Paulo tem a maior economia e os melhores restaurantes, só não tem mais a melhor pizza do país. A melhor pizza do Brasil, atualmente, sem dúvida nenhuma, é a da CPI do Cachoeira.
Só uma figura pode acabar com a violência no país. Um super herói de capa e mascarado, o magistrado Joaquim Barbosão, o Juiz Morcego. No seu histórico discurso de posse, o herói togado prometeu acabar com o preconceito e prender todos os bandidos que aterrorizem a população, a começar pelo Coringa, o Charada, o Pinguim, o Rei Tut e o Maluf. O Brasil está mudando e ainda bem que não é pra Argentina... Antes de Joaquim Barbosafro, os negros só entravam no STF pra serem condenados ou fazerem a faxina.

NOVOS TIPOS BRASILEIROS

O Brasil está mudando e, felizmente, não é pra Argentina. Antigamente os livros escolares mostravam os tipos típicos brasileiros: o boiadeiro do sertão, o caboclo da Amazônia, o gaúcho da fronteira, a baiana do acarajé e tudo isso sem falar do mitológico seringueiro, figura solitária que passava a vida embrenhado no meio do mato tirando leite do pau.
Mas isso é coisa do passado que ficou pra outrora... hoje a cultura brasileira está representada por novos tipos regionais que substituíram estas antigas figuras obsoletas. Por exemplo, agora temos a Mocréia de Ministério, que habita o cerrado do Planalto Central e a presidência de estatais. Horríveis criaturas que amedrontam as crianças e os empresários pidões, a Mocréia de Ministério se caracteriza por seu mau humor e penteado permanente e passa o dia dando esporro nos seus subordinados por qualquer coisinha. Por incrível que pareça, as Mocréias de Ministério conseguem se reproduzir. Tem que ser muito macho para encarar essas criaturas que só pensam em Poder. Poder sem PH.
Outro tipo característico do “zeitgeist” brasileiro contemporâneo é a Periguete do PT. No século passado, nas animadas festinhas do partido, estas criaturas ainda davam um caldo e eram famosas por sua militância, hábeis nos piquetes e nos movimentos de boca de urna. Por serem contra o capitalismo, as Periguetes do PT socializavam seus meios de reprodução com as lideranças do partido. Mulheres de visão, as Periguetes do PT conquistaram a simpatia dos petistas que iriam comandar o país no futuro e acabaram abocanhando outras coisas como chefias de presidência, viagens internacionais e cargos em comichões.
Mais um tipo característico dos tempos atuais é o X-9 das Gerais que só mesmo Guimarães Prosa seria capaz de descrever num novo livro “Grande Sertão Mutretas”. Este novo tipo de mineiro, ao invés de procurar pepitas de ouro e extrair diamantes nos córregos, prefere garimpar em partidos políticos, agências de publicidade e verbas públicas. Tipo matreiro e desconfiado, o X-9, quando se vê acuado no mato sem cachorro, acaba entregando todo mundo, sempre usando a sua infinita sabedoria popular : “ Um dia é da caça, o outro é do delator. ”
Sem querer fazer juízo, atualmente só um novo tipo brasileiro está empolgando os brasileiros: o Juiz do Pastoreio. Figura mítica de origem sofrida até hoje sofre de dor nas costas. Destemido e justiceiro, o Juiz do Pastoreio é o terror dos senhores de partido e dos sanguinários capatazes corruptos. Muitos não acreditavam no Juiz do Pastoreio: achavam que ele era uma lenda, coisa da imaginário. Só não imaginavam que o Juiz do Pastoreio, com sua dosimetria avantajada, fosse meter mais de 20 anos de cadeia na galera do mensalão.

10 de mai. de 2012

Asteróide Vesta é promovido à categoria de 'quase planeta'


Protoplaneta nunca se desenvolveu por completo, diz artigo na Science


O gigantesco asteroide 4 Vesta é, na verdade, um planeta que nunca se desenvolveu por completo - um protoplaneta. Seis artigos diferentes discutem as novas descobertas na próxima edição da revista Science, que será publicada nesta sexta-feira. A análise ajuda a compreender como se formaram os planetas do Sistema Solar.



Ficha técnica

VESTA

Nome: 4 Vesta
Descoberto em: 29 de março de 1807
Circunferência: 525 quilômetros
Localização: Entre Marte e Júpiter
Dados: Vesta foi o quarto asteroide descoberto, por isso o número '4' em seu nome. É um dos maiores asteroides do Sistema Solar e compreende 9% da massa do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. É também o asteroide mais brilhante visto da Terra.

O estudo mostra que o Vesta é mais parecido com um planeta do que com um asteroide. O astro de 525 quilômetros de diâmetro tem a segunda maior massa entre os asteroides do Sistema Solar e só perde para o planeta-anão Ceres, também considerado um asteroide. Ambos se encontram no cinturão de asteroides que existe entre Marte e Júpiter. Vesta seria considerado um planeta-anão se não ficasse localizado em um cinturão de asteroides e tivesse o 'caminho livre' como Plutão.

De acordo com o estudo, 4 Vesta se formou durante os primeiros milhões de anos do Sistema Solar. Os cientistas acreditam que ele surgiu a partir de um amontoado de gases e poeira que restaram após a formação do Sol, há mais de 4,5 bilhões de anos, contendo materiais radioativos. O calor adicional teria feito o asteroide derreter, formando um núcleo de ferro e uma crosta externa de lava. Possivelmente, o quase-planeta sustentou um campo magnético, como o da Terra.

Os pesquisadores basearam-se em dados capturados pela sonda Dawn, da Nasa, a agência espacial americana. Segundo os estudos, 4 Vesta é a fonte de um tipo específico de meteoritos, chamado HED, que de vez em quando atingem a Terra.
Missão — Depois de viajar por cerca de quatro anos e percorrer 2,8 bilhões de quilômetros, a sonda foi capturada pela gravidade do asteroide e entrou em sua órbita no dia 15 de julho de 2011. Desde então, os cientistas puderam observar Vesta de perto. Os astrônomos descobriram, por exemplo, que a superfície do corpo celeste tem mais variação de cores do que a maioria dos asteroides. Em 2015, a sonda Dawn deixará a órbita de Vesta e partirá para estudar Ceres.

25 de abr. de 2012

O SUICÍDIO DO TITANIC


Nesse mês, o mundo todo está comemorando o afundamento do Titanic, o transatlântico superfaturado que se chocou com um iceberg nas águas geladas do Atlântico Norte em 1912. Eu fui o único brasileiro que participou deste evento catástrofe internacional que agora será relançado em 3D.
Desde garoto, o meu maior sonho era fazer um cruzeiro marítimo numa superprodução de Hollywood! E assim, depois de ficar três anos sem almoçar nem jantar, consegui economizar dinheiro suficiente pra comprar uma passagem de figurante na terceira classe do Titanic. Segundo os engenheiros que o construíram, o Titanic era igual ao Brasil: os ricos ficavam por cima numa boa, os pobres ficavam espremidos lá embaixo e ninguém achava que aquela merda ia afundar.
Nunca se viu tanto luxo quanto na Primeira Classe do Titanic. As lagostas do bufê falavam três línguas e tinham doutorado em Cambridge. Os milionários mais ricos do mundo, os Astor, os Vanderbilt, os Guggeinhem, o Waltinho Moreira Salles, o Eike Batista e o Carlinhos Cachoeira, disputavam pra ver quem gastava mais dinheiro e comia mais mulheres (não necessariamente nesta ordem). Numa noite de bebedeiras alcoólicas, jogatina e uso indiscriminado de drogas estupefacientes, Cornelius Vanderbilt acendeu um Havana com uma nota de 100 dólares. Injuriado com aquela demonstração de ostentação gratuita, Lord Astor não deixou barato e acendeu sua amante com uma nota de mil dólares!
Os banheiros das suítes eram de uma luxo nababesco que deixava o Taj Mahal no chinelo. Ao lado do vaso sanitário todo em ouro maciço e brilhantes Cartier, havia um anão malaio 24 horas à disposição para realizar a higiene íntima dos magnatas abonados.
Enquanto os ricos chafurdavam em montanhas de caviar, nós lá na geral do navio só tínhamos o Leonardo di Caprio pra comer. Mas como a fila era grande, nem sempre sobrava um pedaço para a minha pessoa. Penalizado com a minha miséria, uma ratazana me ofereceu um pedaço de queijo que me sustentou durante toda a dramática travessia.
Numa noite fria, resolvi subir até a ponte de comando para fumar um baseado com o capitão do navio. O velho lobo do mar apertou um charuto de maconha que foi devidamente carburado por toda a tripulação. Inebriados pelos eflúviios maléficos da marofa, a Orquestra do Titanic começou a tocar os maiores sucessos de Bob Marley que, naquela época, não havia nem nascido. Enquanto todos estavam completamente emaconhados, o vigia, o único careta à bordo, gritou:
- Comandante! Um Iceberg à frente!
- Iceberg! Rosenberg! Goldenberg! É tudo a mesma coisa! Passa por cima! - retrucou o capitão do Titanic que, além de maconheiro, também era anti-semita e gostava de piadas velhas.
  Quando o mega navio começou a afundar, o pânico e a balbúrdia tomaram conta dos passageiros. Por todos os lados, víamos, assustados, efeitos especiais espetaculares! E agora em 3D!!! O que ninguém sabe até hoje é que o Titanic era uma obra do PAC, Programa de Aceleração das Catástrofes e foi todo feito nas coxas pra ser inaugurado em ano de eleição. As chapas de aço eram de madeira compensada, só havia um bote salva-vidas e dez bóias de patinho para todo mundo! Preocupados em salvar suas peles, visons, minks e malas Louis Vuitton, os milionários queriam escapar do naufrágio, salvar suas fortunas e afundar suas mulheres (necessariamente nesta ordem).

1 de abr. de 2012

A bruxa tá solta

Infelizmente, me faltam clichês e lugares comuns neste momento para comentar a morte do meu amigo pessoal (e impessoal também) Millôr Fernandes, o genial Millôr. Pena que o Millôr não possa comentar o seu próprio velório para demolir, uma a um, as bobagens que as pessoas estão falando sobre ele. É por causa do falecimento de pessoas como Millôr e Chico Anysio que eu sempre combati a morte com unhas e dentes e, até hoje, me recuso veementemente a bater as botas. Para desespero dos meus 17 leitores e meio (não esqueçam do anão que é o meu maior fã, quer dizer, menor fã).

Orfão de pai e mãe ainda na infância, Millôr, devido às más companhias, acabou caindo no jornalismo de imprensa. Conheci o Millôr no tempo da revista O Cruzeiro, a Veja daquela época, que era dirigida por Assis Chateaubriand que, mais tarde, desistiu do jornalismo para virar filé. Eu trabalhava de dia em A Noite, de tarde em O Dia e de noite em A Manhã. Brilhante, Millôr foi o maior frasista do Brasil, quer dizer, do mundo. Muito melhor que Oscar Wilde que pode ser considerado o Millôr Fernandes da língua inglesa. Millôr também traduziu Shakespeare para o português e ficou muito melhor que o original. Jogador inveterado, apostou tudo no Pif Paf, semanário de humor que os exames de DNA comprovaram ser o pai do Pasquim.

Escritor, jornalista, dramaturgo, desenhista e artista gráfico, Millôr também exercia a arte da conversa fiada com maestria. Ver o Millôr, ao vivo, falar com graça e inteligência sobre praticamente qualquer assunto era uma espetáculo admirável e, confesso, humilhante para nós, pobres mortais, que só usamos 10% da capacidade do nosso cérebro e assim mesmo só para pedir uma propina.

E como se não bastasse o Melhor Fernandes, lá se foi para a terra dos humoristas de pés–juntos o grande Chico Anysio. A Santa Casa de Misericórdia não tinha caixões em estoque suficientes para sepultar os 209 personagens do grande humorista, um dos poucos cearenses que não virou sushi-man. Além de seus personagens inesquecíveis, Chico Anysio contribui muito para o aumento populacional do Brasil fazendo um montão de filhos. Para pagar tantas pensões alimentícias, Chico teve que ralar até o fim da vida o que, aliás, foi ótimo pra nós, seus fãs, que também não conseguíamos sobreviver sem as suas piadas. Generoso, Chico também era preocupado com a educação e criou a Escolinha do Professor Raimundo que matriculou muitos humoristas, alguns até que não sabiam nem ler nem escrever. Polivalente, versátil e cheio de contas pra pagar, Chico fazia de tudo: escrevia, atuava, dirigia, fazia músicas e pintava. Pintava e bordava. A quantidade de mulheres maravilhosas que o esquálido pau de arara traçou supera até mesmo o número de personagens que criou.

E eu vou ficar bem quieto aqui no meu canto, na última página do Segundo Caderno, na minha, porque a bruxa está dando um rasante pro lado dos humoristas. Por que é que esta sinistra feiticeira não vai voar com a sua vassoura pro lado dos políticos, onde tem tanta gente boa pra morrer e, assim, dar uma alegria pro povo brasileiro?